Cá dentro de mim.

Ele a beijou com tamanha delicadeza que a deixou encantada. Começaram a se beijar e ela,que não parava de pensar nem um segundo,simplesmente parou com seus pensamentos desesperados. Na sua cabeça reinava apenas a escuridão,um buraco,como se além de estar de olhos fechados,pudesse enxergar-se por dentro também,com os olhos de 'dentro'.  Ele deslizou a mão levemente pelo pescoço,fazendo-a abrir levemente os olhos e analisar aquele rosto de perto que estava de olhos fechados a afagar-lhe com os lábios. Fechou os olhos novamente e se viu imersa em um mar de sensações. Sentiu a respiração ficar pesada,como se fosse o corpo dizendo que o momento era de intensidade absurda. E de repente,os dois abriram os olhos.E se olharam por um longo tempo,como se estivessem examinando o preto dentro do olho do outro,e sorriram simultaneamente. Quem dera se todos os momentos da vida fossem compostos por tamanha sinceridade. Se beijando longamente,abraçando,deixando claro em cada promessa que jamais será cumprida,e que estavam 'se conhecendo' porque era assim que tinha que ser,porque era desse jeito que era. Sem maiores explicações,sem muitas voltas.Eram diretos e suscintos: Se queriam. Não se amavam. Há uma tênue diferença! Mas ela,infelizmente,estava percebendo que se sentia diferente. Que lembrava daquele olhar longo que deram depois do beijo, e sorria.Isso era um péssimo sinal,sem dúvida. Mas uma coisa ela não conseguia deixar de pensar, e sabia que um dia,olharia para aqueles olhos cor de amêndoa bem perto,e fundo. E diria,sem rodeios "devolve meu lado de dentro,zé!"