segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Se tens um coração de ferro, bom proveito. 
O meu, fizeram-no de carne, e sangra todo dia.
                                                        José Saramago

Discordo dessa versão contemporânea de amor. Para os amantes da atualidade, não existe amor sem reciprocidade. Por que dizer te amo, se ela (ou ele) não disse? Por que ligar para dizer bom dia se ela (ou ele) ainda não tomou a iniciativa? Vivemos constantemente esperando iniciativas do outro para expressarmos aquilo que nos está
Acho que amor é justamente sobre falta de simetria e equilíbrio. É dar tudo de si, é não ter medo de querer mais do outro, é não ter medo de dizer que é carente e sente falta. Nesse mundo louco de hoje, quem não é carente? Vivemos cada dia com a esperança de não sermos esmagados pelas atribulações de todo dia, pelas respostas atravessadas, pelos desamores ao longo do caminho. Temos esperança. Eu tenho esperança.
Amar é falta de equilíbrio porque demanda doação, falta de egoísmo, é deixarmos o orgulho de lado e realmente dizermos que estamos errados sem estar. Quem se importa em ganhar uma briga? Eu prefiro ganhar a minha vida. É claro que há um tempo atrás, se me fosse perguntado o que eu iria preferir ser feliz ou estar certa, eu responderia sem titubear “estar certa!” com o ponto de exclamação e tudo para demonstrar minha ênfase. É claro que eu responderia que preferiria estar certa, ainda não sabia muito bem o que o amor demanda de nós.
Achava que amar era somente leveza, bons momentos, prazer. Igual a gente vê no Facebook, essa rede social -mágica- que nos faz ver tudo por um olhar quase miraculoso da existência humana, é uma rede social que todos são perfeitos, felizes, e caso vejamos alguma postagem que remete à tristeza, a maioria está ligada à mensagens de otimismo também. São todos felizes.
Quando o outro começa a apresentar defeitos, está na hora de trocar. Acho que é até um pouco lógico isso. Nessa sociedade com resquícios fordistas, tudo pode muito bem ser substituído por algo exatamente igual, com uma semelhança que chega a assustar. Mesmas legendas de foto, mesmas 'hashtags', mesmo lenga-lenga até o substituto apresentar também um defeito. E ainda há quem reclame “mas eu só queria amar alguém!”. É difícil amar quando estamos preocupados com nós mesmos o tempo inteiro. Com o nosso bem estar.
O meu bem estar depende da pessoa que eu ame, e se eu estiver que ficar uma noite inteira acordada ouvindo seus problemas eu ficarei. Não por me importar com ele, e sim comigo. O meu bem estar e o da pessoa que amo devem ser coisas conjugadas.
Eu gostaria muito de dizer que todos os romances que viveremos serão iguais aos de novela, em que o mocinho não acorda com a cara amarrotada, que está sempre sorridente e otimista em relação ao mundo, que nunca erra ou faz coisas pouco virtuosas. Eu gostaria? Será que eu gostaria mesmo? Na verdade, acho que essa mania de querer tudo perfeito é uma herança trazida há muito por nossos ancestrais que têm uma característica 'facebookiana': “Vamos lá, não chore, fica feio se as pessoas verem!” “você vai realmente falar que ama sem ter ouvido antes?”
Manter as aparências é tão mais fácil do que encarar quem o outro realmente é. E é tão fácil estar a procura do amor do que encontrá-lo e deixar escapar. Não podemos culpar nossa incompetência pelo menos, e podemos atribuir a falta de amor a “falta” de pessoas qualificadas. Será que nós somos qualificados? Será que estamos dispostos a nos doar? Até que ponto poderemos fazer isso?
Veja bem, não quero que todos larguem sua dignidade e amor próprio e corram atrás de pessoas como se fossem o ar que respiram. Eu acho que saber amar é uma característica do amor próprio. Se não estamos dispostos a realmente nos sacrificar nem que seja um pouco para vivermos um amor, por medo de perder nosso amor próprio, é porque o amor próprio é algo muito frágil.
Partilhar o amor é fortalecer o amor próprio. 
Fazer mais coisas por uma pessoa que se ama, não porque fizeram por você. Fazer por fazer.
Sem esperar uma resposta mirabolante do universo
Fazer porque se ama
Sem querer um “obrigado” 
Fazer porque sem fazer deixamos de fazer por nós
Sem querer não parecer carente 
Fazer para parecer carente então 
Sem querer omitir 
Fazer para crescer o amor 
Sem querer usar o ego para evitar sentir dor.  

Mil séculos depois...

Desculpem a todos pelo meu atraso esse ano!
A faculdade tem engolido minha capacidade criativa junto com mil resenhas, provas e trabalhos. Então só nas férias meu cérebro tem capacidade de pensar sobre coisas bonitas como amor, por exemplo. Já estou enviando um texto novo no blog para vocês matarem a saudade.
Estou completamente enferrujada, desculpem se não ficar tão bom assim.
Saudades desse espaço. 


terça-feira, 29 de julho de 2014

Amsterdam, 27 de dezembro de 1983

 "Prefiro então partir a tempo de poder, a gente se desvencilhar da gente...Depois de te perder, te encontro com certeza, talvez num tempo da delicadeza, onde não diremos nada, nada aconteceu, apenas seguirei como encantado ao lado teu..."
"Eu espero que você nunca leia essa carta, porque eu espero realmente que fiquemos juntos hoje. Eu não gosto de ser dramática, e tampouco gosto do adjetivo. Eu sinto coisas demais. Às vezes são sentimentos que não existem, mas às vezes são faíscas que sinto no outro e projeto verdadeiros incêndios. Eu prefiro sofrer por antecipação, pois eu sei que se a dor de te perder me pegar desprevenida, posso nem mesmo me recuperar e amar de novo. Não me imagino não amando mais, não digo uma pessoa, eu digo a vida em si. Eu amo cada mínimo pedaço de tempo e de vida que eu tive, tenho e terei. Amo exageradamente. 
Você me ensinou a ser forte e a chorar também. Acho que às vezes quando chorava no seu colo compulsivamente no meu quarto, geralmente no domingo antes do almoço, não era só por algo entre nós, é a vida mesmo... Chorei tanto no teu ombro, choros que guardei. Por vergonha de chorar. Chorar é mostrar-se frágil, e eu evito ao máximo mostrar isso, jamais deixaria que me vissem chorar, então tratei de colocar aquelas lágrimas para dentro tantas vezes. 
Eu queria mesmo que você tivesse ficado, você não faz ideia... Mas eu não nasci para que olhem nos meus olhos como você costuma me olhar de uns tempos pra cá (hoje, e ontem). Com frieza, com cansaço. Meus olhos gritam de volta "não cansa não! juro que valho a pena". Verdade seja dita: Eu sei que valho a pena. Para alguém. Alguém perdido em algum lugar da terra. Achei que fosse você...Por muito tempo achei que foi você, e quando te conheci tive a mesma sensação epifânica: É ele! Lembra da frase "Quando te vi, tive a impressão que não era a primeira vez. Quando te vi, tive a certeza de que não seria a última  vez."
Eu adorava quando você falava que eu e você nos conhecíamos há mais tempo, que era amor antes de ser. Que éramos literalmente um casal que se conhecia há vidas. Eu adorava ouvir isso, mesmo vindo de um cético que crê, que é o seu caso. Você duvida, mas pisa em falso, sem saber se vai cair ou não. Você vai em frente! E quando você me respondeu a carta "para o amor da minha vida"?! Eu ia achar que você ia pegar e guardá-la com amor, mas você fez mais: Você não me deixou sozinha com o meu amor, como todos fazem/fizeram/farão comigo. Você respondeu. Você partilhou. Você se entregou. 
E eu nunca poderei viver tanto tempo para te agradecer o suficiente. 
Você bebe água demais, deve viver mais do que eu. Tudo bem. O mundo tem muita sorte de ter você por mais tempo. Só queria aparecer com uma faixa em frente a sua casa escrito: "VOCÊ MUDOU A MINHA VIDA, OBRIGADA". Seria fantástico! Infelizmente, me encho de pudores. Nesse momento queria ser uma pessoa mais louca ainda e expor pro mundo o que você fez. Se eu pudesse, te juro, rasgaria o peito e mostraria o que você fez, as palavras que você disse, o que você me fez pensar, e quão longe eu fui só por estar segurando tua mão. 
As pessoas não me vêem por dentro, você tinha esse poder incrível! Era tão bom não precisar me explicar pra você, era reconfortante. Me poupava tanto... Infelizmente, não tenho mais essa possibilidade. Você me ouvia quando eu nem falava, você me entendia quando eu só pensava, e você respeitava meu grito mudo. Me dava abraço. 
"Você gosta das suas loucuras" e era legal você me dizer isso. É, eu gosto mesmo. Primeira pessoa que reparou, aliás. Eu tento ser educada e dizer "desculpa por ser assim", para a pessoa não se chocar de uma vez, afinal, eu sou como sou, e ainda não sinto culpa alguma por isso! 
Vou guardar com muito carinho : Teu riso, teu olho miúdo, quando você ficava em frente o ventilador para a camiseta ficar cheia de ar e você parecer mais forte, da sua voz de bebê, dos seus dengos, preocupações comigo, dos seus arrebatamentos (lembra quando nos casamos na praia?!), das nossas loucuras, do abraço mudo que te dei à época do vestibular e você disse que confiava em mim plenamente (tão difícil você confiar plenamente em alguém, me senti muito honrada!), quando eu vi meu mundo desmoronar e recorri a você, o apelido "ástato" que você me deu (você alegou que queria fazer uma metáfora com algo que conhecia, e eu pensei -o que ele não conhece?-), quando chorava copiosamente no seu ombro e sujava sua camiseta com rímel, quando você disse que me daria o mundo se eu pedisse, quando você dizia que queria casar comigo todos os dias, quando fazíamos planos sobre tudo que viveríamos, quando você brigava comigo e fazia alguma coisa estranha com a boca que até hoje nunca vou fazer igual (mas é engraçado), quando eu sentia frio e você percebia sem eu dizer, teu beijo, teu abraço, você. 
Tudo o que eu disse na primeira carta de despedida que fiz para você, em novembro, permanece. O vento que passar por você será eu, e toda e qualquer hora que você estiver rindo ou chorando, eu juro para você: Estarei lá também. Segurando tua mão bem firme pra te dar força e para que você possa continuar vivendo nesse mundo de loucos! Me certificarei de não te procurar, afinal, amizade não cabe mesmo entre nós... Por mais que eu quisesse muito, parece que é mais fácil perder uma parte sua do que você inteiro. Te perderia como amante-amigo mas te ganharia como amigo, ou como amante. Uma parte deveria permanecer. Mas entre nós, meu bem... A amizade mais inocente se transformará em um caso tórrido de amor, e a transa mais descompromissada se transformará na mais fraterna amizade. Assim que nós somos. E nunca vai mudar. 
Conheça boas mulheres, que te façam feliz. Não aceite nada menos do que pessoas incríveis, por favor. E tenha lindos filhos. Diga para eles que os ama muito todos os dias, a gente nunca sabe do nosso fim aqui. 
Sei que às vezes a vida vai ser puxada, mas não pense que as coisas acontecem por nada: Tudo tem um porquê. E se as coisas estão puxadas, é para que você controle a situação e afrouxe o nó por si. Se as coisas estão muito leves, aproveite! Logo a maré vai voltar contra, mas daqui a pouco amansa. A vida só quer coragem de nós! E isso você tem de sobra. 
Não vou te pedir para guardar as cartas, vídeos e todo o resto. Por favor, apague-os. Rever e reler qualquer dessas coisas vai doer demais... 
Um último lembrete: Não te esqueças de mim, e por favor, não me guarde tua raiva. Nem mágoa. Eu não desisti de nós, eu desisti de algo que não te fazia mais feliz. E eu entendo totalmente. Seja muito feliz sempre! Estarei sempre à espreita espiando tuas conquistas e vibrando junto. 
Dizer eu te amo é um pouco cruel nessas horas, e desnecessário. Essa é a frase que vai sempre ecoar toda a vez que ouvir teu nome, te ver, ou ler qualquer coisa de amor...Você foi grande na minha vida, o tempo errou, a gente também...Só espero te encontrar por qualquer esquina e ressaborear teu sorriso manso,pela última vez."


domingo, 27 de julho de 2014

Promessa

"Prometo te amar na alegria
Na tristeza também
Até que nada nos separe
Prometo te lembrar de mim
Sempre que seu coração 
Teimar em esquecer 
Prometo te aquecer
Nos dias frios 
Nos dias em que você
Não quer acreditar
Prometo te fazer acreditar
Acredite em mim
Estarei aqui
Prometo demorar a tirar o casaco
Que você me emprestou
E pegou o cheiro teu
Prometo tanta, mas tanta coisa
Prometo ir cumprindo
Promessas desprometidas
Comprometidas
Prometo te querer
E quando não querer mais
Querer de novo
Prometo dançar com você
Mesmo sem saber
Igual no primeiro dia
Prometo ser sua surpresa
De todo dia
Prometo brincar de ir embora
Ou falar sério
E a promessa é sua
De me trazer de volta
Ainda, eu prometo
Estar aqui pronta pro milagre
De fazer teus olhos brilharem
Mais que todos os outros dias
De tua existência
Prometo te agradecer
Pela companhia nessa viagem
Que sempre começa
Cada vez que nos olhamos
Novamente."

domingo, 6 de julho de 2014

Coisas Dela

"Então é isso, estou indo embora" disse ela depois de amarrar bem as malas com todas as suas roupas, maquiagens, calcinhas, perfumes...Enfim, tudo o que cabe em dois anos de relacionamento. 
Ao mesmo tempo queria que ela ficasse, queria segurar sua mão e dizer que sentia muito, que o amor não se esgota assim, os filmes hollywoodianos não poderiam ter me enganado, no final há que se ficar com o beijo dos mocinhos. Será que eu não era mais mocinho, ou se tratava dela que, com um golpe de vilania, rompeu com a fragilidade do nosso amor? Eu queria fazê-la ficar. Nesses "momentos-limites" de nossa vida é que vemos o quão primatas ainda somos, e que não tem nada de sapiência em nossos genes; Eu queria agarrá-la como que prendendo-a contra o peito, sufocando-a, sim. Qualquer coisa poderia ser melhor do que aquela sensação de vazio que cismava em me agarrar cada vez que eu via ela pegando uma coisa ou outra da prateleira, colocando em uma de suas malas, e levando com ela, para Deus-sabe-onde.
Enquanto ela pegava suas coisas aos prantos e eu- apático- assistia à triste cena, um filme me veio a cabeça: Lembrei do primeiro dia que a vi. Foi um golpe de beleza bem diante dos meus olhos, nunca tinha visto pessoa tão branca: Lembro que esse detalhe tão peculiar me fez sorrir quando nos conhecemos. Os olhos, que carregavam tanto mistério, me prendiam como dois caleidoscópios, que diziam tanta coisa... Depende do ângulo e de quem os via. Lembrei também da vez em que ela saiu do banho nua e foi dançando pela casa, e depois voltou correndo pro banho alegando que o frio estava de rachar. Naquele momento eu sabia que era com ela que eu queria viver para sempre, com filhos ou não, pobres ou não, era ter ela e nada mais me faltaria, eu teria ela e tudo me bastava. Ri sozinho relembrando dessa cena e ela me olhou como que assassinando-me com o olhar: 
"Acha engraçado eu estar arrumando as minhas coisas e indo embora para sempre?"
"Eu só tava me lembrando daquele dia em que você saiu correndo do banho e dançou pela casa, voltou correndo devido ao frio..." eu disse, ainda esboçando um sorriso que sorria triste.
Ela me olhou profundamente, e sorriu também, sentando-se ao meu lado. Ela estava terrivelmente linda esse fim de tarde: Um vestido com flores miúdas, solto e leve, e um arco dourado que de tão fino, misturava-se quase que a cor de seu cabelo.
"É estranho pensar que as coisas acabaram entre nós."
"Sabe que não precisa ser assim...", e eu segurei sua mão. Foi um ato instantâneo, desesperado. Com aqueles olhos caleidoscópicos que me sugavam tão depressa, e a respiração tão perto da minha, quase que me incitando a pedi-la para ficar. Pela milésima vez só aquele final de tarde. 
"Ao contrário, meu caro: As coisas PRECISAM ser assim. Estou cansada da minha infelicidade ao teu lado. Dos dias vazios, mórbidos, com um quê de tristeza. Tu achas bonito porque é poeta, mas eu não vivo de papel. Eu vivo de experiências, emoções. Eu não crio emoções para personagens, eu já tenho trabalho suficiente em cuidar das minhas próprias."
Sabia que ela não quis dizer o que disse. 
Ela era assim. Tínhamos que decifrá-la até na hora da raiva, em que ela não mede as palavras. É o tipo de pessoa que fala o que literalmente vem à cabeça, não existe um filtro de bom senso ou de compaixão pelos demais humanos que estariam ouvindo à coisas que aquela cabecinha maravilhosa -um tanto terrível- tramava. O que me desarmava era o remorso em seus pequeninos olhos, que logo apareceram e ela apertou os lábios, como que para se certificar que nenhuma barbárie sairia de dentro de si. 
"Desculpe, eu..."
"Tudo bem. Eu conheço você... Não precisa se explicar para mim como costuma se explicar pro resto das pessoas que te cercam."
Ela sorriu um sorriso como que para suavizar o ambiente e a situação. Em seguida franziu o nariz e exclamou:
"Que trabalho!"
"Hã? Só para relembrar : Não estou nos teus pensamentos, por favor pare com essa mania chata de exclamar coisas sem sentido como se eu estivesse dentro do seu cérebro e já soubesse da sentença anterior que pensou", e ri em seguida. Ela fazia isso desde que nos conhecíamos, me cortava no meio de uma frase, exclamava do nada, gritava pela casa que tinha feito xixi no box do banheiro, como uma criança levada com seu bumbum rosado.
Ela ficou vermelha e sem graça. Detestava não fazer-se entender. Rapidamente tratou de complementar a frase solta: 
"Eu estava pensando aqui, que trabalho vai dar conhecer outra pessoa e fazer com que ela entenda minhas exclamações, reticências, crises de riso, de choro, momentos de descontar raiva e coisas assim. Você me coloca no eixo e faz com que eu não pareça coisa maluca, você colocou ordem ao meu caos. Tentou, pelo menos, encontrar sentido e uma certa monotonia onde todos vêem um furacão de emoções. Você me conhece." 
"Não foi tão complicado como você gosta de expor para os outros, você não é assim tão complicada... Acho que você gosta de se passar como complicada para manter o mistério. Igual naqueles filmes ruins que você adora fazer eu assistir, em que tem sempre uma moça solta, misteriosa, encantadora... Tem muito de você mesmo, nelas. Acho que você gosta de pensar que está fazendo o diabo com a cabeça de um certo sujeito como em um desses filmes ruins que você gosta."
Ela riu. 
Achei que se sentiria envergonhada por eu tê-la deixado desnuda d'alma tão assim, sem uma certa cerimônia, de maneira brusca. Mas levantou a cabeça, altiva e um tanto peralta, brincou com os olhos em volta de mim, e por fim mordeu o lábio inferior fazendo um sorriso que faria qualquer sujeito, certamente, perder a cabeça e o juízo. 
"Viu? É sobre isso que eu digo. Você sabe das coisas todas."
"Não. Eu sei das tuas coisas." 
Eu vi que uma lágrima quis brincar no canto do olho esquerdo. Lágrima essa que ela tratou de colocar pra dentro, uma vez que jamais admitiria que eu a visse chorar em um momento desses. Iria contra os princípios sem propósito dela: Não chorar em despedidas. Era um medo de se mostrar frágil, menina... Eu não compreendia. Tocá-la apenas no braço era emergir em sua fragilidade e meninice que ela tratava de esconder, apenas tocando-a no braço, imagine! Quando transávamos era como emergir em seu universo de flor. Sentir seus aromas, ter o desafio de querer tocar a pele toda de uma só vez, querendo unir-me com a alma também. 
Quanto ao que eu disse, sobre saber das coisas dela, não era nenhuma mentira. Desde que a conheci, apesar de meus esforços inúteis de tentar aplacar todo meu encanto com ela com uma ou outra moça, até bonitas e tudo...Era difícil não me lembrar dela. Às vezes eu ria no meio da aula do meu cursinho por ter lembrado de algo que ela disse. Pelas manias irritantes e ao mesmo tempo aquelas manias esquisitas, como o fato de responder "sim" para uma pergunta longa. Isso, sim. Sim e apenas sim. No nosso primeiro encontro foi assim, eu perguntava as coisas e ela dizia apenas 'sim'. Eu achei que ela estava debochando da minha cara, ou de alguma forma inconfortável com a minha presença. Mas ela era assim. E como eu ria das coisas dela. Tentei tanto tirá-la da cabeça, mas lá estava ela presente em cada risada que eu tinha com outras pessoas. Ela estava lá. Poderia sentir o gosto da língua dela na minha língua. E quando eu olhava pro mundo, eu olhava também através do que ela me ensinou, me mostrou, mesmo que sem querer. 
"Certo. Acho que vou fazer um brigadeiro para nós." 
Revirei os olhos. 
"Achei que você fosse embora desesperadamente porque te faço infeliz", falei debochadamente.
"Posso ir embora desesperadamente com a barriga cheia, ou você quer que eu vá embora agora? Se quiser, tudo bem, eu entendo... Talvez você queira se acostumar com toda essa história de separação, etc e tal."
"Ora, pare de bobeira. Faça seu brigadeiro."
Ela é um desastre na cozinha e em qualquer outra tarefa doméstica. Eu sempre rio porque ela, ao 'tentar' cozinhar e passar de 'moça do lar', faz uma bagunça imensa na cozinha e suja tudo. Eu já previa um desastre de brigadeiro queimado, fogão sujo e louça até o teto. 
Ela cuidadosamente fez o brigadeiro. 
Lavou tudo que usou para preparar o doce, como que para provar seu valor apenas mais uma vez antes de ir embora.
Comemos o brigadeiro, rimos. 
Fomos ver um filme porcaria que ela gosta. 
Ela dormiu nos meus braços, mas às vezes acordava em rompantes e balbuciava:
"Já tô indo embora, tá?"
Sei. 
Ri-me por dentro. 
Mais um parto, mais uma quase-despedida, mais um dos dramas que ela cria e eu ligo e não ligo ao mesmo tempo. Vejo-a como um bebê querendo colo, carinho e com meu coração numa mão e uma faca imaginária na outra: Vez ou outra ela ameaça que vai embora e meu coração se encolhe como uma ameixa. Fico triste. Sei que não dá para levar o que ela fala a sério, apesar de ser uma mulher encantadora e risonha, é também um pouco maluca, portanto todo cuidado é pouco: Cuidar dela não era das tarefas mais fáceis.
A levei pra cama, tirei aquela calça jeans que provavelmente estava apertando sua barriga estufada devido aos brigadeiros, e a cobri pois já era noite naquele mês de agosto. Tratei de tirar as malas dela do meio da sala e colocá-las no quarto. Olhava-a me olhando de canto de olho vez ou outra, e ela esboçando um sorriso enquanto "dormia". É, eu sabia, ela não ia embora. Ainda teríamos alguns longos anos para desfrutarmos um do outro, ela dando uma de maluca querendo ir embora, e eu sem ouvir nada do que ela dizia. Éramos assim. Eu preferia não ouvi-la algumas vezes e ela adorava isso! Era como uma carta branca, para ela ser quem é sem que todas as palavras fossem levadas a ferro e fogo, mas eu já disse para ela não se preocupar: Das coisas dela eu sabia. 
Me deitei ao lado dela e abracei-a ternamente. 
Mais uma vez ela não iria embora e mais uma vez eu respirava o cheiro doce que vinha de seus cabelos. 

terça-feira, 10 de junho de 2014

Errados e erráveis

Todos os dias, ao me deitar, passa um filme terrível por minha cabeça e nele parece que o diretor do filme da minha vida -no caso, meu cérebro- dá um particular 'close' às cenas em que eu queria que fossem cortadas. Uma palavra ríspida sem razão, que magoou outra pessoa, ou algo que me falaram e que me magoou profundamente em um dado instante. Por que atualmente as pessoas não podem se ater ao fato de que são humanos e erram? Por que vivemos sobrecarregados com um permanente pecado de culpa por não ser da maneira como queriam que fôssemos ou como nós mesmos idealizamos em nossa cabeça? 
As situações acontecem, os caminhos são tomados, e ainda bem que erramos! Estamos dotados de livre arbítrio e o erro é uma fatalidade. Lembro que pela primeira vez que ralei o joelho, fiquei muito tempo chorando no colo de minha mãe e devido à dor pulsante do machucado, achava que não caminharia mais. E não é assim que funcionamos? O efeito da dor nos gera sentimento de medo e esse sentimento nos impossibilita de levantar de cabeça erguida e entender que 'tudo bem, erramos, vamos começar novamente'. 
Verdade seja dita: Vivemos em um mundo em que os humanos tentam cada vez mais se parecer com seres perfeitos, ou seja, queremos virar ícones, mártires...Por que não só humanos? São pessoas que querem bater recordes, outras fazem mil cirurgias plásticas para chegarem ao máximo perto do nível próprio de perfeição e outras se colocam em pedestais inatingíveis e julgam os irmãos considerados 'hereges'. 
Eu diria que o erro é a melhor coisa que a vida poderia nos dar. Sem o erro seríamos 'inumanos', perfeitos, dotados de insensibilidade com nós mesmos e insensíveis à dor do outro. Quando estamos cientes de que erramos com outra pessoa, somos mais solícitos à qualquer outra pessoa que venha nos pedir ajuda como alguma forma de compensação. Mas a questão do erro é um pouco mais profunda que essa: Não se trata aqui de que errar é algo sempre positivo. Devemos sim buscar sermos melhores a cada dia, mas sem a audácia de nos tornarmos perfeitos, apenas a tentativa de elevação do espírito e de humanização em um mundo em que existem mais máquinas-homens do que homens, já é um bom começo. 
O meu debate é sobre o efeito que a culpa nos gera. Quantas coisas que você já fez e queria simplesmente apagar da memória, ou, por que não? Refazer a 'cena'. O que eu quero que meus leitores entendam é que o erro nos enriquece. Somos pessoas melhores depois que erramos, e se arrepender só nos faz carregar uma mala de culpa completamente desnecessária, tentamos ser melhores todos os dias mas todos os dias fazemos coisas das quais não nos orgulhamos. Erros são cometidos, erros são aprendizado. Se arrepender só faz de você uma pessoa que é contra a evolução, contra o aprendizado, contra a elevação do seu próprio espírito. Quantas coisas boas aprendemos quando estamos nos questionando sobre uma dada atitude... 
Não me arrependo de nada. Tudo fez e faz parte da minha caminhada. Somos passíveis de erro, mutáveis, errados e erráveis, por que o medo e a culpa? Por que a decepção com um modelo de perfeição que nunca nos pertenceu? A verdade é que ser humano é uma experiência de transeunte, trazemos o bom conosco, deixamos da parte ruim apenas a experiência e seguimos a vida. Com nenhuma culpa, e talvez alguma dor, procurando encontrar um sorriso no rosto em cada peça que a vida nos prega. Como citou muito bem Guimarães Rosa,"o que a vida quer da gente é coragem". 

segunda-feira, 9 de junho de 2014

Você: Menor poema do mundo

Afinal,quem sou eu para dizer que você é o homem da minha vida? Vou ler tudo isso no futuro e nada mais vai parecer do que um pouco de letras em um papel em branco e um monte de sentimentos que já perderam o gosto na minha boca e nada vai restar além de boas lembranças. Eu vou te amar com a memória. Não vou saber se o seu corte de cabelo mudou, se você ainda gosta de lembrar da gente, se continua crente na vida e na felicidade ou se está em um momento 'gauche', ou a parte, como diria Drummond...Não vou saber seu sorriso. E nunca mais vou conseguir olhar nos seus olhos, ou nos olhos de alguém que demonstre amor de homem para mulher comigo, pelo simples fato de que o mesmo olhar apaixonado vai me fazer lembrar do olhar apaixonado de um homem que,particularmente,me mudou bastante,por mais que não saiba. Eu não fui sempre essa pessoa que você admira, como eu presumo que você também não e tudo faz parte da nossa evolução como seres humanos. Não sei se Deus faria algo do tipo como trazer você a minha vida e tirá-lo repentinamente por uma imaturidade de dois garotos que nada sabem mas que no futuro sentirão saudade da sabedoria da juventude.Eu realmente acho que o futuro profissional é mais certo que o pessoal, e você há de concordar comigo, uma vez que o futuro profissional depende menos dos outros do que o pessoal. Para eu ter um bom futuro pessoal eu dependo de um cara que olhe nos meus olhos e diga que não tem medo dos meus medos, e que vai enfrentar qualquer coisa para ficar comigo,mesmo que seja aos rompantes de me perder e ter sempre o frio na barriga de susto por eu não estar por perto algum dia sequer. Eu quero isso. Eu quero que sintam a minha falta, eu quero marcar vidas. Eu quero que se importem comigo. Eu quero que você viva para sempre em mim, como eu sei que você vai. E eu não quero te substituir porque eu sei que eu não vou poder. Eu tenho medo porque você é demais e tudo isso é especial. Porque quando eu olho para você e ouço você dizer tudo que você diz e eu sempre esperei , o meu coração não sabe mais como reagir e o que antes pareceria natural, hoje em dia me parece desapropriado e piegas(apesar de que já melhorei bastante). Hoje é dia 8 de janeiro e meus parabéns pela sua entrada na Universidade que queria, e a sua vida dará certo como você sempre quis. Eu sei disso. Pessoas como você não têm que ter por um milésimo de segundo dúvidas a respeito do que querem, nem um pouco de desânimo,porque pessoas como você não são como as outras pessoas. Você é um dos maiores orgulhos da minha vida, e namorar com você, é , de fato, um fardo e uma honra. É um fardo porque me sinto na obrigação de chegar pelo menos perto de toda sua força de vontade, determinação e maturidade. Digamos que estamos no mesmo páreo. E é uma honra porque estar com você é uma honra. Cada vez que você respira ou que eu deito no seu peito e escuto você respirar eu agradeço a Deus porque ele está me dando a oportunidade de ouvir mais uma risada ou de ver seus olhos me 'devorando' a alma, como você sabe que faz.
Me desculpa por querer ir embora às vezes, mas me prometa que sempre fará com que eu fique,porque com você é o meu lugar. Acredite sempre nisso. Pode ser que o tempo realmente acabe conosco e eu estarei apenas na sua lembrança por uns 5 segundos à noite antes de você dormir como uma brisa fresca da sua juventude e do início de suas descobertas. Posso pedir que você não esqueça de mim? Cabe aqui esse pedido? Eu quero que você lembre do roçar das suas mãos no meu cabelo, do meu cheiro quando acordo,quando me perfumo,quando vou dormir,quando suo.Eu quero que você lembre dos meus olhos, ora inocentes ora inconfessáveis ora amistosos ora desafiadores ora sedutores. Eu quero que você lembre da maciez dos meus lábios. Eu quero que você se lembre da minha risada e de todo meu jeito de ser. De cada coisa. E eu quero que você seja feliz com quem escolher (quanto drama né, já sabemos que você vai ficar até o fim da vida comigo).
Sem mais delongas, quero que saiba que você foi o homem que eu escolhi para viver a vida inteira, e por mais que não vivamos a vida inteira juntos você vai ter aqui, esperando, alguém que vai estar a vida inteira com você por mais que você conheça outros amores. Alguém que não tem paciência alguma com os outros mas que espera você o tempo que for porque sabe que vale a pena, partilhar a magia que partilhamos todas as vezes que nos falamos. Eu juro que não queria ser tão confusa e ser mais tradicional, mas podemos pular para a parte que você aceita a mim como uma mulher não convencional? E eu te aceito como o homem da minha vida? 

Prece pra quem se ama

        Desejo a todos vocês,meus amigos,e portanto quase sangue do meu sangue,uma semana,mês e vida maravilhosos.Poucas (raríssimas) vezes exponho meus sentimentos a todos assim,de modo tão unido,uma vez que alguns de vocês nunca se viram e não têm contato entre si,mas ocupam um espaço todo especial em meu coração.Normalmente,bem da verdade,mando apenas um texto para enfatizar o quanto os amo e o quanto são importantes em datas comemorativas como aniversários,natal,ano novo...Venho por meio desta informar que pretendo modificar um pouco as coisas e expor que,sim,amo muito vocês.Com alguns eu não falo todos os dias,mas podem ter certeza que eu sempre peço por vocês a Deus,e para aqueles que não acreditam ou são agnósticos,eu peço para que a vida de vocês seja repleta de AMOR!
Para cada um que ler essa prece,quero desejar a risada mais escancarada possível,aquela que faz a gente chegar às lágrimas,sabem?Desejo gosto de beijo bom,um amor bom,e mesmo que não seja amor romântico,eu desejo que vocês amem e sejam amados por aquilo que quiserem.Eu quero que vocês parem um pouco com essa correria insana do dia a dia e simplesmente vislumbrem todas as coisas boas que estão às voltas por aí,e ninguém repara praticamente.Eu quero que vocês façam o que amem como ofício,eu quero que vocês amem o curso que estejam cursando,o vestibular que estão por fazer (para meus amigos vestibulandos) e também a profissão que desejaram abraçar.
Não levem tão a sério essas ironias do destino que faz (parecer) que as coisas só dão errado para nosso lado.Não se enganem: Algo maior está ainda por vir.Algo grande. Só precisamos de paciência e perseverança para encontrarmos o nosso próprio destino.Ou então é o próprio destino que nos encontra mesmo, e às vezes a melhor decisão da sua vida foi fruto daquela que à época pareceu um pouco errada para os outros mas tão certa para o seu coração.Arrisque-se!
Não aturem pessoas mesquinhas ao redor de vocês,mas não responda-as na mesma moeda.Só deseje muita luz para que encontrem os seus respectivos caminhos,e parem de ser levianos com os outros. Ódio só atrai mais ódio.
Aos amigos que você não procura faz tempo: Mande uma mensagem,um olá,ou um 'eu te amo' vindo do nada. Com certeza eles vão se sentir mais amados depois disso,e é sempre tão bom se sentir amado! Seguindo a regra de ouro de Kant,pessoal: “Fazei aos outros aquilo que gostaria que fosse feito com você”. Portanto,seja sempre bom com todo mundo,mas não espere sempre bondade em troca.Seja legal sem esperar nada em troca.Seja bom sem esperar que reconheçam isso.Apenas seja,por você.
Estarei acompanhando-os nessa longa caminhada de suas vidas,e saibam,acima de tudo que todo o meu amor vai ser sempre de vocês.Ah,e para meus amigos mais recentes,é,vocês mesmo que eu não conheço faz pouco mais de dois meses: Não pensem que amo-os menos do que as outras pessoas que estão aqui.Vocês colorem meu cotidiano,e me ensinam a ser melhor todos os dias com as risadas e tudo mais.
Obrigada por todo apoio de cada um que foi marcado aqui.Por cada ajuda por terem me levantado sempre que preciso,por me mostrarem que os golpes da vida não são nada perto de sua amizade. Amo-os demasiadamente! 

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

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"[...]Aqui digo: que se teme por amor;mas que,por amor,também,é que a coragem se faz[...]" Guimarães Rosa

Sempre gostei de pensar que era uma pessoa de grandes mudanças,coisas drásticas.E esse particular traço de minha personalidade fez com que eu me arrependesse muitas vezes na vida,entretanto,também é uma das melhores coisas sobre mim. A capacidade de ser mutável,para que ninguém capte meu cheiro,meus gostos,minha vida e pensando de forma sádica me aprisione nisso que chamam de amor. Bom, romântica que sou, já mudei demais fugindo do amor, mas infelizmente, está no meu DNA. Minha mãe me ensinou a amar quando eu era criança, e atualmente, eu a ensino a amar ainda que a rotina possa ser massacrante vez ou outra. Verdade seja dita é que jamais seria capaz de mudanças drásticas por ninguém, me chame de piegas mas gosto de dizer o velho chavão(porém verídico) que devem me amar pelo que sou.Ponto.Me amar pelo que sou...Mas,o que eu sou mesmo? Posso ser tantas coisas ao mesmo tempo que não sei direito em que tipo de personalidade me encaixo.Uma amiga certa vez me disse que eu era 'barroca',mas não pelo fato de eu estar dividida entre a santidade e o pecado (até porque não acho que devamos escolher um lado da moeda quando se trata de vida,penso que há muitos caminhos para ser feliz,e ninguém é tão alguém para julgar o caminho escolhido pelo outro) mas pelo fato de eu ser paradoxal e não saber bem que lado de mim mesma escolher,como um caleidoscópio. Acho que Lispector não poderia ter usado uma melhor metáfora para definir a si mesma - e alguns e algumas leitoras: "Sou caleidoscópica: fascinam-me as minhas mutações faiscantes que aqui caleidoscopiamente registro."
Mais uma carta gigante e egocêntrica,sobre mim talvez, para que você me entenda e eu entenda a mim mesma. Nós dois sabemos que você jamais vai chegar a lê-la,não é?Ok,você já sabe de cada coisa que vou falar e fazer. Não sei se isso vai acabar com meu charme de causar mistérios e inquietudes no outro. Bem da verdade, nunca conheci alguém que me conhecesse tão bem. Eu não sei quem sou, mas você sabe. E ainda diz que me ama toda noite, então , devo ser uma pessoa boa. Na verdade, escrevo para me entender e entender o mundo.É só reparar quantas vezes uso 'na verdade','entretanto'...Acho que é porque perco a timidez diante de um papel e revelo minhas aflições perante o mundo que me cerca e me sufoca!Mas me encanta,também.
Não posso dizer que sei o que você espera de mim,mas acho que sei o que espero de mim mesma...E uma dessas minhas 'esperas' é não desapontá-lo.Nunca. Por qualquer coisa. Sei que já o fiz antes, o farei algumas vezes no futuro ainda (distante ou próximo) mas o importante é saber que você me aceita. Assim. Não sei como eu sou,mas você aceita?Estou dando a mim mesma de presente para você sem nunca ter me visto no espelho exatamente e saber com perfeição cada qualidade ou defeito meu, sou uma bomba relógio de mim mesma. Você ri,né? Sabe o que o espera. Dor de cabeça,trabalho...Dá trabalho cuidar da criança que não cresceu, e da adulta que sempre esteve aqui. Dizer adeus para a adolescência e encarar o mundo real é chato,difícil. Mas eu posso fazer isso contigo,sei que posso.
Aliás,me sinto tão a vontade com você enquanto estamos em qualquer lugar...Diria que você é meu lar móvel,uma vez que independentemente de onde eu estiver,estarei segura contigo. Ah, e tem mais. Seremos amigos ainda que esse romancezinho acabe,rapaz.Sim! Quero ter você na minha vida da mesma forma de sempre. Dane-se se isso te confundir, procure um analista. Mas eu quero que você saiba que eu não quero que nada mude,que tudo continue assim.Exatamente.Pois eu vou gritar se as coisas não estiverem bem por aqui, e eu quero um abraço de ajuda e não de pena. Não quero que você esqueça o número do meu telefone ou a cor dos meus olhos no sol,que você tanto elogia.Não esqueça de mim nunca,está bem?
Um dia te mostro isso tudo. Juro que sim.